Abra a cabeça!!!!!!!!

Abra a cabeça!!!!!!!!
"Se a única ferramenta que temos é um martelo, todo problema será reduzido a prego"

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

9° ANO - SEXUALIDADE

Autor: Sabine Mendes Lima Moura
Disciplina: Língua Portuguesa
Série: 8º série/ 9° ANO

Duração: Quatro aulas de cinqüenta minutos cada. Aula 1/2: Pré-Leitura ( 30 minutos); Leitura ( 40 minutos ); Pós-Leitura ( 30 minutos). Aula 3 / 4 : Pré-Leitura (20 minutos); Leitura ( 50 minutos); Pós-Leitura (30 minutos).
Recursos didáticos: Textos disponíveis nos sites de Internet indicados e/ou cópias de tais sites caso não seja possível o acesso ao laboratório de Informática. Música que acompanha o primeiro texto. O plano aqui apresentado conta, no entanto, com a disponibilidade de tal laboratório e acesso à Internet (possível no contexto apresentado, já que a escola em que me baseio realmente proporciona tal oportunidade a seus alunos).

TEMA – ORIENTAÇÃO SEXUAL
· Educação Sexual: nossos conceitos de sexo, amor e responsabilidade.
Apresentação – Conhecendo a incrível gama de informações relativas a sexo/relações sexuais disponível na mídia, considero de extrema importância que os alunos sejam orientados a terem suas próprias opiniões e considerem a questão dos direitos e deveres de um cidadão também sobre o prisma da escolha sexual (não somente no que tange a opção pela heterossexualidade, homossexualidade ou bissexualidade, como também em relação ao tratar cada parceiro como um ser humano a ser respeitado). É importante esclarecer que no contexto escolar apresentado (baseado em um contato real com escola da região tomada como exemplo) os alunos aparentam ter menos conhecimento específico em relação a prevenção de doenças, possibilidades de gravidez e indicações médicas do que uma preocupação em se provarem pessoas interessantes através do contato sexual. Também existe um grupo de alunos cuja religião evangélica desaconselha a menção de temas sexuais antes do casamento ou mesmo depois dele sendo este tratado como tabu.

Objetivos principais - Incentivar a leitura crítica de textos em Língua Portuguesa e a produção baseada em conceitos/recursos lingüísticos encontrados nos mesmos.

Gêneros textuais trabalhados – sites de Internet que apresentam gêneros híbridos de poesia, letra de música, artigos dissertativos e fóruns de opinião.

Detalhamento das características dos textos trabalhados – os textos escolhidos como material didático apresentam as seguintes características:

TEXTO 1 – Amor e Sexo – Rita Lee
(disponível em: http://www.ritalee.com.br/novo_cd_2004/musicas.asp#7)

Gênero textual – Poesia (Balada)/Letra de música

Objetivo – levar os alunos a refletirem sobre as diferenças entre sexo e amor, construindo seus próprios conceitos do que sejam esses dois sentimentos/práticas e incentivar o reconhecimento da poesia que há em cada música.

Contexto de produção – Esta música foi escrita por Rita Lee e Roberto de Carvalho (melodia) e está presente no Cd Biograffiti de 2006.

Modo de organização discursiva predominante – Poesia Livre (com características de balada tradicional na Poesia romântica)

Recursos lingüísticos utilizados – palavras- chave: amor; sexo; escolha.
Uso de metáforas em paralelismo dos conceitos sexo/amor; estrutura simples de repetição de verbo de ligação ( ser) o que nos remete à construção de rótulos para os dois conceitos apresentados.

TEXTO 2 – Fórum Educação Sexual : De quem deve partir a educação sexual dos jovens?
(Disponível em: http://conversamos.wordpress.com/2005/02/04/forum-educacao-sexual/)

Gênero textual – apresentação de um Fórum de Discussão em Educação Sexual por professores e cientistas portugueses.

Objetivo – demonstrar que a questão da educação sexual é uma preocupação tanto de adolescentes e pré-adolescentes quanto de adultos e que eles podem dar sua opinião a respeito do tema; demonstrar como funciona um Fórum de Discussão.

Contexto de produção – O texto foi lançado pelo grupo “Conversamos?” que divulga debates relacionados à educação e ciências em um blog particular e nesse caso, apresenta o Fórum lançado pela equipe Ciênciapt.net que tem como objetivo fomentar a discussão sobre maneiras de implementar a educação sexual.

Modo de organização discursiva predominante – Apelativo, com enfoque na divulgação do Fórum.

Recursos lingüísticos utilizados – presença do discurso direto, uso de perguntas como maneira de envolver os leitores na discussão do Fórum.

ATIVIDADES DIDÁTICAS

TEXTO 1 – Amor e Sexo

Pré – Leitura
· O que é amor para vocês?
· O que é sexo para vocês? (orienta-los a falar as primeiras coisas que vierem à sua cabeça, é importante nesse momento não tolher vocabulário, deixa-los livres para se expressarem como quiserem, somente chamando atenção quanto à expressões de baixo calão que possam surgir e que não são adequadas para sala de aula. Nesse caso, ajuda-los a encontrar outras expressões que as substituam).
· Vocês acham que amor tem a ver com sexo? Sexo tem a ver com amor? Pode haver sexo sem amor ou amor sem sexo? Podem dar exemplos disso?
· Quais são as músicas que falam sobre sexo e amor que vocês gostam? O que essas músicas falam?
Criar uma tabela, no quadro negro, contendo as seguintes frases em colunas: “Amor é”, “Sexo é” e “Frases que eu gosto”. Pedir aos alunos que se dividam em grupos de cinco de acordo com o número de alunos presentes e elejam um representante do grupo. Esse representante deve preencher no quadro, de acordo com as idéias do grupo, as frases da tabela e preencher a coluna “Frases que eu gosto” com frases de música falando de amor e sexo.

Leitura do texto
· Na sala de informática, colocar a música Amor e Sexo de Rita Lee e Roberto de Carvalho e perguntar aos alunos como eles se sentem em relação à música.
· Pedir aos alunos que acessem o link para o texto número um (divididos em duplas nos computadores) e respondam a seguinte pergunta: Concordam ou não concordam com o dito na música? Por quê? (criar uma lista de palavras difíceis que possam surgir como dúvidas ou que eles perguntem, no quadro da sala de informática ou álbum seriado caso não exista quadro). Intercâmbio de respostas.
· Pedir aos alunos que imaginem que todos os verbos “ser” no texto foram substituídos por “parecer”. Que diferença isso faria na interpretação do texto? Chamar atenção para a utilização do verbo “ser” para rotular, conceitualizar amor e sexo. Chamar atenção para a utilização do verbo “parecer” como algo que dá um nível de incerteza maior ao texto. Pedir aos alunos que entre no site www.google.com e pesquisem é e parece, observando o que acabou de ser dito nas frases encontradas com o verbo “ser” e “parecer” ( todas as frases com ser representam conceitos e/ou rótulos ? todas as frases com parecer representam opiniões menos seguras, mais incertas?).
· Pedir aos alunos que pesquisem na www.wikipedia.org o que é uma metáfora. Intercâmbio de definições. Perguntar a eles se existem metáforas na música e quais são. Ajuda-los a perceber a diferença entre metáfora e uma comparação (usando a conjunção “como)”. Exemplos: Fica mais bonito escrever sexo é fantasia ou sexo é como uma fantasia? Existe diferença de significado? Por quê?

Pós-Leitura
Pedir às duplas que elaborem suas próprias versões da música, no mesmo ritmo da música, usando o verbo ser ou parecer e usando metáforas ou comparações. Pedir a uma dupla que tenha mais facilidade com o ambiente virtual para criar um blog e postar as músicas criadas pela turma. Caso o professor perceba que nenhum dos alunos está apto para tal, pode ele mesmo postar as músicas. Os textos podem ser escritos no editor do próprio computador. Caso haja tempo, os alunos podem cantar suas versões da música.


TEXTO 2 – Fórum Educação Sexual: De quem deve partir a educação sexual dos jovens?

Pré – Leitura
· Vocês têm muitas dúvidas em relação a sexo? E tiram essas dúvidas com alguém?
· Quem vocês acham que é mais confiável na hora de tirar dúvidas sobre sexo: sua família, professores, médicos, amigos íntimos, colegas de escola ou da rua? Por quê?
· Vocês lêem alguma revista, página de Internet ou vêem algum programa de Tv sobre esse assunto? Acham que isso ajuda na hora de esclarecer dúvidas? Por quê?
· Vocês acham que as imagens de “primeira vez”, de sexo casual, de conquista e de proteção que aparecem na televisão são confiáveis? Acham que é assim mesmo que a coisa acontece? Por quê?
· Quem vocês acham que é responsável por tirar essas dúvidas? Quem deveria ajuda-los na hora de entender como a vida sexual funciona? Por quê?
· Pedir aos alunos que se organizem em duplas ( uma dupla por computador se possível) e pesquisem no site www.google.com o tema educação sexual e pedir que compartilhem com a turma aquilo que descobriram.
É importante nesse momento aproveitar todas as oportunidades para esclarecer dúvidas que os alunos tenham sobre contraceptivos, parceiros sexuais, sexo pré-marital, tendo como máximo guia a questão da escolha e da proteção. Igualmente importante é que o professor não tenha pudor caso os alunos queiram aproveitar o fato de estarem no laboratório para entrar em sites pornográficos. Caso isso aconteça, ao invés de proibir é aconselhável puxar o debate para o que os leva a ter curiosidade sobre aquilo, como descobriram os sites e porque não é adequado dedicar-se a isso em sala de aula, sem, no entanto, transformar a entrada nos sites em tabu.

Leitura
· Pedir aos alunos que acessem o texto número 2 e explicar sua origem conforme comentado acima. Enfatizar o fato de que é um site português e que aqueles que conseguirem ver que palavras estão escritas de maneira diferente do costume brasileiro devem mostrá-las a turma. Pedir que leiam buscando responder a seguinte pergunta: Quais são as perguntas utilizadas pelos autores do texto? Eles realmente têm dúvida quanto ao que estão perguntando ou estão tentando chamar a atenção do leitor, faze-lo participar da discussão? Eles estão perguntando sempre de maneira direta ?

· Intercâmbio de respostas. Mostrar aos alunos que nem sempre ao usarmos uma série de perguntas em um texto estamos realmente expressando dúvida. Muitas vezes isso é uma forma de envolver o leitor, faze-lo participar. Perguntar aos alunos: qual é o objetivo do texto? (no caso, fazer propaganda de um fórum sobre educação sexual). Observar que nesse texto, os autores se dirigem diretamente ao leitor (é como se estivessem falando com você) o que chamamos de discurso direto. E que às vezes fazem perguntas indiretamente, dar exemplos disso no texto.

· Pedir aos alunos que acessem o Fórum cujo link está indicado no texto. Pedir que cada dupla descreva o que é e qual é o formato de um Fórum, baseando-se no que estão vendo. Intercâmbio. Observar no intercâmbio que os fóruns procuram imitar uma conversa, parecendo um questionário com uma pergunta e várias respostas.

Pós-Leitura
· Pedir aos alunos que escrevam uma opinião para o Fórum sobre quem deveria ser responsável pela educação sexual. Valorizar o fato de que eles vão estar respondendo em um fórum de professores e que isso é importante, pois eles são os maiores interessados no assunto. Pedir para que eles se comuniquem com seus futuros leitores usando o discurso direto como forma de convencer os leitores sobre sua opinião. Nessa hora, alguns exemplos no quadro podem ser úteis.
EXEMPLOS:
Imaginem que vocês querem dizer que o mais importante é que a família dê educação sexual. Podem convencer disso usando a pergunta:
Afinal de contas, não é a família que deve nos passar aquilo que não sabemos?
Ou caso vocês achem que deveria ser escola:
Escola é lugar de aprender coisas sobre a vida, não é verdade?
Pedir outros exemplos a eles, para esclarecer o uso do discurso direto como convencimento, antes de dar tempo para que as duplas escrevam e publiquem seus textos.

Comentários Finais
- O fato de que os textos não abordem diretamente dados científicos ou questões biológicas do aparelho reprodutor ou mesmo a questão do preconceito e da opção sexual tem como objetivo conhecer como a turma reage a tais temas, especialmente em um ambiente em que um determinado grupo não tem permissão da família e/ou não vê como positivo discutir tais temas. Assim, o professor pode, a partir deste trabalho, conhecer melhor seu grupo antes de explorar temas mais específicos.
- É importante que na hora dos intercâmbios na sala de informática todos os monitores sejam desligados e a turma esteja em círculo com a atenção no professor e nos demais colegas.
- É importante que a aula no laboratório seja vista também como uma oportunidade de auxiliar os alunos em temas relacionados à Informática, na medida do possível, já que a verdadeira inclusão digital não se dá através de cursos e sim através da prática em oportunidades significativas de aprendizado tais como as que esse plano de aula deseja proporcionar.

TEXTO 1
AMOR E SEXO
(Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor)
Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval
Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois
Sexo antes - Amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora
TEXTO 2
Fórum: Educação sexual
A Equipa Cienciapt.NET lançou hoje a pergunta:
De quem deve partir a educação sexual dos Jovens?
Não vou discutir a forma da pergunta. É esta… portanto, diria que:
A pergunta, ao dar enfoque ao «quem», pode ser respondida em diferentes perspectivas – até porque a educação sexual tem múltiplas dimensões, da biológica à psicológica, da sociológica à ética.

A família é a primeira e privilegiada fonte de informação e lugar de debate – por isso, o primeiro «quem» é a família, no sentido das pessoas significativas com quem a criança/jovem convivem. Neste primeiro «quem» incluo desde já o próprio – que o educando tem um papel relevante na educação, ainda que inicialmente de forma mais passiva mas progressivamente mais activa, com o amadurecimento pessoal. Tem ainda de ser tido em conta que o papel da família possa estar fragmentado e/ou ausente – na educação sexual, como em qualquer outra dimensão da educação.

O segundo «quem» é a escola, pelo próprio ciclo de desenvolvimento e de socialização. E coloquei Escola, em sentido amplo, sem me deter a considerar este ou aquele nível.

Entre estes dois, com mais influência num ou noutro dependendo dos casos concretos, coloco o «quem» ligado aos profissionais do Centro de Saúde, nomeadamente a enfermeira de saúde familiar ou a enfermeira da saúde escolar.

O quarto «quem» é a sociedade, em sentido do coletivo mais próximo (comunidade), dos meios de informação (que às vezes desinformam) e das tecnologias de comunicação (também na dimensão virtual da Internet).

Parece-me de relevar que o desenvolvimento da sexualidade e a adequação da educação sexual se integram na educação como um todo e no desenvolvimento holístico da pessoa.

De diferentes formas e com pesos diferentes, todos temos um papel…
Quer participar no Fórum?

http://cienciapt.net/forumform.asp?id=51

Acrescentaria que, não obstante existirem alguns recursos (consulta de planeamento familiar, projectos de atendimento a adolescentes, páginas da web, linhas telefônicas etc), não basta existirem se não divulgarmos e encaminharmos.
Ainda (já sei, vai longo…) que não existe idade para a educação sexual.

Corre-se o risco de se pensar que é matéria de adolescentes e jovens - mas não é.

A educação sexual, enquanto dimensão da educação, e referindo-se à sexualidade, dimensão da pessoa, atravessa toda a vida, tanto em sentido pessoal como familiar e colectivo.

Parece-me semelhante à educação para a cidadania.
Esta entrada foi publicada em Fevereiro 4, 2005 às 6:20 pm e está arquivado em bioética.

SEXTO ANO - RELIGIÃO/ DIVERSIDADE CULTURAL

Autoras: Vanessa de Carvalho Faria Menezes e Sabine Mendes Lima Moura
Disciplina: Língua Portuguesa
Série: 5º série
Duração: 4 tempos de 50 minutos cada ( Textos 1 e 2 trabalhados em 2 tempos: Pré-Leitura – 15 minutos; Leitura – 40 minutos e Pós-Leitura: 45 minutos)
Material necessário: Música ( texto 2), cópias dos textos utilizados e das perguntas sugeridas em apostilas separadas).

TEMA – PLURALIDADE CULTURAL
· O que significa a religião em nossa dia-a-dia?
Apresentação – Dar a oportunidade aos alunos de conhecerem o verdadeiro significado da palavra religião e expressarem-se acerca de suas religiões e/ou de suas famílias ou de seu ateísmo, incentivando o respeito à diversidade religiosa e a convivência baseada no tratar aos demais como gostaríamos de ser tratados, independente de religião.

Objetivos principais - Incentivar a Leitura Crítica e a Produção voltada para Habilidades Específicas.

Gêneros textuais trabalhados - artigo e letra de música (poesia livre)

Detalhamento das características dos textos trabalhados – os textos escolhidos como material didático apresentam as seguintes características:

TEXTO 1 – Para botar fé!
Disponível em: http://ich.unito.com.br/view/2026

Gênero textual – artigo

Objetivo – entender o significado da palavra religião e iniciar uma debate sobre a religião na vida dos alunos.

Contexto de produção – este artigo foi publicado pela revista Ciência Hoje para crianças e escrito por Georgina da Costa Martins, escritora de livros infantis.

Modo de organização discursiva predominante – exposição / argumentação

Recursos lingüísticos utilizados – palavras- chave: religião, fé, História da Humanidade.
Presença de discurso indireto como forma de aproximar o leitor do tema abordado, simulando um debate.

TEXTO 2 – Se eu Quiser Falar com Deus de Pedro Mariano
Disponível em: http://letras.terra.com.br/pedro-mariano/105592/

Gênero textual – letra de música/ poesia livre

Objetivo – envolver os alunos em uma forma poética de falar sobre suas crenças, estejam elas ou não relacionadas a Deus; estimular o gosto pela Música Popular Brasileira e a interpretação crítica de textos com características poéticas.

Contexto de produção – a música foi composta por Pedro Mariano e musicada por Gilberto Gil.

Modo de organização discursiva predominante – rimas, poema cantado.

Recursos lingüísticos utilizados – apresenta estrutura em ordem direta, verbos na primeira pessoa ocultando o sujeito para facilitar a canção e não repeti-lo. Predominância de substantivos abstratos e concretos dando forma e rimas ao poema musicado.


ATIVIDADES DIDÁTICAS

TEXTO 1 – Para botar fé! e texto de apoio

Pré – Leitura
Antes de iniciarmos a leitura do texto é necessário abrir discussão em sala com o tema religião. Saber se os alunos realmente entendem e respeitam outras religiões que não seja a dele. Começar a discussão de maneira simples e polêmica, com perguntas do tipo:
· O que é religião?
· Qual é a sua religião? Em que ou em quem você acredita?
· Você tem conhecimento de quantas religiões existem no mundo?
· Será que conversar sobre religião é tão simples quanto parece ou ela tem sido motivo de desentendimentos? Porquê?
Organizar uma tabela no quadro negro com o nome das religiões representadas pelos alunos e uma coluna para ateísmo e sem religião, pedir aos alunos que ajudem a completar o quadro com as características principais de cada uma das escolhas.


Leitura do texto

Leitura silenciosa do texto 1e do texto de apoio, seguida de debate, tirando dúvidas sobre vocabulário.

Agora que você já leu o texto principal e o texto de apoio “Um ou Muitos Deuses” explicando diferentes crenças e o que realmente significa a palavra religião em sua essência, responda as seguintes perguntas:
1. O texto possui várias perguntas, tanto na sua introdução como em seu desenvolvimento, o autor consegue responder a todas elas?
2. É de fácil entendimento a linguagem do texto? Podemos identificar o público alvo que o autor quer atingir? Sua linguagem é formal ou informal?
3. Em que outra disciplina poderíamos utilizar este texto como uma intertextualidade? Você consegue identificar o caráter histórico do texto?
4. Os dois textos se relacionam entre si? Retire todas as palavras que aparecem no primeiro texto com o mesma classe gramatical apresentada no segundo.

PÓS-LEITURA
Dividir a turma em grupos com alunos de diferentes religiões e pedir a eles que escrevam uma redação sobre as coisas positivas que vêem na religião de seus colegas. (Caso a pré-leitura e essa atividade de pós-leitura sejam dificultadas pela predominância de uma religião ou não tenham religião, podemos pedir que as atividades sejam feitas a partir do que os alunos entendem das diferentes religiões que vêem representadas na mídia ou de que já ouviram falar).


TEXTO 2 – Se Eu Quiser Falar com Deus

Pré – Leitura

Antes de ouvirmos a música cantada por Gilberto Gil, vamos fazer uma reflexão sobre a palavra Deus. Quem é Deus? Qualquer um pode falar com Deus? Somos realmente ouvidos por Ele? Quem não acredita em Deus, acredita em outro ser divino capaz de ter forças ligadas ao universo?
Essa música trata de um Deus único, aparentemente católico. Vocês poderiam a partir da música reconhecer a religião desse Deus? Ou será que o meio no qual estamos inseridos que responderá a essa questão?

Leitura
Tocar a música e pedir para que os alunos descrevam o que sentiram ao ouvi-la.

Agora que ouvimos a música de composta por Pedro Mariano, musicada por Gil, podemos responder a mais algumas questões.
1. A letra dessa música foi escrita pela ordem direta do discurso?
2. Que estrutura frasal possibilita a identificação dessa ordem?
3. Sem modificar o tempo verbal, passe esse poema musicado para a terceira pessoa do singular. Quais foram as palavras modificadas?
4. Os substantivos foram alterados? Classifique todos os substantivos encontrados.

Pós-leitura
Pedir para que os alunos organizem no mural da escola um título “ Como falamos com Deus ? Quem é Deus para nós?” colocando cópias dos 2 textos e deixando espaço para que todos da escola dêem sua opinião. Depois de uma semana, recolher as opiniões do mural, dividi-las em grupos e pedir a cada um dos grupos que escreva um parágrafo utilizando-se dos comentários dos colegas. Os textos resultantes podem ser revisados e em seguida distribuídos para toda a escola.

TEXTO 1

Para botar fé!
Descubra por que grande número de pessoas segue algum tipo de religião!


Qual é a sua religião?
Aí está uma pergunta que provavelmente alguém já fez a você! Apesar de ser curta e simples, ela pode ter várias respostas! Afinal, no mundo inteiro, há diversas religiões, cada uma diferente da outra. Talvez você não saiba, mas a religião faz parte da cultura e da história dos diferentes povos que as praticam! Mas... por que grande número de pessoas segue uma religião? Será que o ser humano sempre teve crenças desse tipo?

Para começo de conversa, é importante a gente conhecer o significado da palavra religião. Ela vem do latim religio, que significa religar, isto é, ligar novamente. Ora, se algo precisa ser religado a alguma coisa é porque um dia já esteve ligado a ela, certo? Pois bem: religião é justamente o ato de religar-se ao sagrado. É como se uma pessoa tivesse se afastado do sagrado e, ao seguir e praticar uma religião, novamente se ligasse a ele.

Você deve estar se perguntando: mas o que é o sagrado? Vários estudiosos pensaram sobre isso e a conclusão a que eles chegaram foi mais ou menos a seguinte: sagrado é tudo aquilo que não pertence ao mundo dos homens. Ou seja, tudo o que é divino, que pertence às divindades. Por outro lado, o que não é sagrado, ou seja, que não pertence à religião, é chamado profano. Veja o exemplo: um templo religioso é sagrado. Mas e a casa onde a gente vive, é profana? Depende. Se considerarmos, ao pé da letra, que profano é tudo que não é sagrado, sim. Porém... Se profanar for entendido como desrespeitar o que é sagrado, nossa casa não seria uma coisa nem outra.

Isso mostra que tudo aquilo que se considera sagrado ou profano é muito relativo! Afinal, há pessoas que não praticam nenhuma religião e nem acreditam na existência de objetos sagrados. Além do mais, o que pode ser sagrado para alguns, pode não ser para outros. Isso irá depender da crença de cada pessoa ou grupo.

Mas será que os homens sempre foram religiosos? Você acha, por exemplo, que os homens das cavernas acreditavam na existência de algo sobrenatural, de alguma força divina? Enfim, quando tudo isso começou?

Vários pesquisadores que estudam as origens da humanidade -- arqueólogos, paleontólogos e museólogos, entre outros estudiosos -- nunca encontraram um só grupo social que não tivesse buscado respostas para o sentido da vida! Em outras palavras, eles descobriram que não existiu, no mundo, nenhuma civilização que não acreditasse em alguma força divina ou sobrenatural. Ou seja, eles concluíram que não existem povos sem religião.

Em todas as sociedades pesquisadas por eles -- mesmo nas mais primitivas! -- foram encontrados vestígios de que o homem sempre viveu entre o sagrado e o profano, entre valores religiosos e não religiosos. Há centenas de milhares de anos antes de Cristo, por exemplo, viveu na Terra o Homo sapiens. E eles já acreditavam em algo sagrado, como a possibilidade de vida após a morte.

Aposto como você está pensando: como os pesquisadores descobriram tudo isso? É lógico que eles não viajaram numa máquina do tempo! Na verdade, os cientistas fizeram escavações em certos locais e encontraram túmulos onde os mortos foram enterrados junto com os seus pertences e até com comida! Então, concluíram que o Homo sapiens acreditava na sobrevivência do morto ou... na possibilidade de haver vida após a morte! Afinal, para que alguém morto precisaria de alimento, por exemplo?

Muito tempo depois, os pesquisadores descobriam que as pessoas que viveram no Antigo Egito -- quando os soberanos egípcios eram chamados de faraós -- foram enterradas junto com um livro. Essa obra, que ficou conhecida como Livro dos Mortos, indicava o que a pessoa morta deveria fazer na outra vida.

TEXTO DE APOIO

Um ou muitos deuses


Há muitas religiões em todo o mundo e diversas diferenças entre elas. Uma das diferenças que existem, por exemplo, é o número de deuses e de divindades que cada religião apresenta. Algumas religiões -- chamadas politeístas -- partem do princípio que há vários deuses. Outras cultuam um único deus: são as religiões monoteístas.

As religiões politeístas mais conhecidas são o hinduísmo, o taoísmo, o xintoísmo, o confucionismo e as religiões de origem africana, como o candomblé e a umbanda. O cristianismo, o judaísmo e o islamismo, por outro lado, são religiões monoteístas. Há, ainda, o caso do budismo. Essa religião não prega a crença em nenhum deus. Para os seguidores dessa religião, existe algo mais importante do que qualquer deus: Buda, o título dado a quem alcança a iluminação, livrando-se do sofrimento humano, e que se refere, sobretudo, ao fundador da religião.

Cada religião tem suas próprias crenças. Mas a principal crença, sem dúvida, diz respeito à criação do mundo! Para a maioria das religiões, o mundo e o homem são obra divina, isto é, foram criados por um deus, uma divindade, uma força divina. As religiões cristãs, por exemplo, acreditam que o homem foi criado por um deus único e superior aos homens. As africanas, por sua vez, têm vários mitos -- relatos parecidos com lendas ou fábulas -- que explicam a criação do Universo.

Além das mais diversas explicações para a criação do Universo, a humanidade também tenta explicar o fim do mundo e a morte por meio da religião. Na verdade, todas as religiões, desde que o homem está no mundo, sempre tentaram responder às perguntas relativas à existência -- como nascimento, morte, desejo, dores etc.

Diante de tudo isso, podemos concluir que cada religião tem seus símbolos, suas crenças, seus rituais, suas orações e sua forma de oferenda. Mas nenhuma religião é superior a outra. O que existe são diferenças, que devem ser compreendidas e respeitadas. Afinal, mais importante do que as diferenças é o fato de que os praticantes de todas as religiões são humanos e têm em comum a capacidade de viver em sociedade, construir culturas e atribuir sentido para a vida. Por isso, têm o direito de optar e de praticar a religião que escolherem.


TEXTO DOIS

Se Eu Quiser Falar Com Deus
Pedro Mariano
Composição: Gilberto Gil

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

ENSINO MÉDIO: Todas elas são feiticeiras!

Planos de aula
Ensino Médio
Ciências Humanas e suas Tecnologias
História
Brasil Colônia

Plano de Aula
Todas elas são feiticeiras
Sensuais, sábias e imprevisíveis, as mulheres forneceram a matéria-prima com que foram idealizadas as bruxas.
- retirado da revista Nova escola on-line

Este plano de aula está ligado à seguinte reportagem de VEJA:

As bruxas paulistas

13 de outubro de 1999

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Objetivos
Debater o poder espiritual, político e econômico da Igreja Católica no período colonial

Introdução
Toda mulher é uma bruxa, proclamam com orgulho muitas mulheres. Elas se referem a aspectos do "poder feminino" cada vez mais presentes, tais como sensibilidade, intuição e sintonia com os ciclos da natureza - em especial com o ciclo lunar de 28 dias, o ritmo do ciclo menstrual. Os homens que exerciam o poder político e religioso, na Idade Média e no início da Idade Moderna, também acreditavam que toda mulher era feiticeira - e morriam de medo. Ficavam particularmente perturbados com o "líquido menstrual", capaz de transformar um marido respeitável "num pateta", como registra um processo redescoberto nos arquivos da Cúria Metropolitana de São Paulo, citado na reportagem de VEJA. A tortura e a fogueira reservadas às bruxas foram os instrumentos extremos dessa cruzada pela submissão feminina, que também se manifestava nas leis e nos sermões de padres católicos e pastores protestantes. Afinal, "porta do diabo", "inimiga da paz", "macho mutilado e imperfeito" foram palavras com que os pensadores cristãos descreveram a mulher, não a feiticeira.

A mulher e a bruxa não foram as únicas vítimas da repressão. O plano de aula mostra que outras minorias sociais como os cristãos-novos também sofreram perseguições por suas práticas religiosas "mutiladas e imperfeitas". Dessa maneira, as elites da Europa e das colônias americanas encontraram bodes expiatórios aos quais atribuíram a responsabilidade pelos problemas de suas populações. Use essa aula para discutir, com seus alunos, as questões do preconceito e da intolerância religiosa, tristemente atuais.

Hereges, bruxas e cristãos-novos
O órgão encarregado de julgar as bruxas paulistanas surgiu em 1231. Era o Tribunal da Inquisição ou Santo Ofício, criado para combater a heresia albigense, assim chamada por ter como pólo a cidade de Albi, no sul da França. De início, a igreja mobilizou contra os hereges a eloqüência dos dominicanos, mas logo recorreu a armas de mais impacto: a partir de 1252, os inquisidores passaram a torturar as pessoas que interrogavam.

Nos séculos XV e XVI, na Península Ibérica, os reis comandaram a Inquisição como forma de fortalecer seu poder político. Em Portugal, os reis D. Manuel I e D. João III implantaram o Tribunal do Santo Ofício. Suas principais vítimas foram os cristãos-novos, descendentes dos judeus forçados a se converter em 1496. Muitos desses cristãos-novos vieram para o Brasil, onde ocorreram algumas Visitações da Inquisição no período colonial. Centenas de pessoas foram denunciadas durante essas visitações. Algumas eram de fato adeptas do judaísmo de seus pais e avós, mas outras não passavam de vítimas da inveja de algum inimigo. Aqueles considerados culpados de crime contra a fé foram enviados a Portugal e punidos dos modos mais cruéis, desde o açoite até a morte na fogueira ou óleo fervente. A execução coletiva dos condenados pela Inquisição tornou-se conhecida como auto-de-fé. Realizaram-se 760 autos-de-fé nos 285 anos de inquisição em Portugal.

Na Europa protestante, onde não existia Inquisição, a intolerância religiosa voltou-se basicamente contra as bruxas. A feiticeira consolidou-se durante a Idade Média como figura do demônio, identificável menos pela aparência que por seus feitos malignos: secar o leite das mães, matar as crianças e então comê-las, fazer filtros (poções) para vários fins: provocar sofrimento, enlouquecer, despertar a paixão etc.

Tal figura, criada pelo imaginário popular, era perseguida em épocas de crise, como forma de punir um bode expiatório e resgatar o equilíbrio social. Milhares de mulheres morreram em meio às chamas pelo crime de bruxaria. Como salienta o texto de VEJA, muitas delas eram parteiras, conhecedoras de ervas e detentoras de outras formas do saber feminino.

No Brasil colonial, a feitiçaria esteve ligada à religiosidade popular, agregando crenças diversas de origem cristã, judaica (dos cristãos-novos), muçulmana, africana e indígena. Faziam parte do cotidiano as mezinhas, as bolsas de mandinga e os amuletos para curar tudo, desde bicheiras até calundus. Algumas dessas práticas perduram até hoje entre nós - que plantamos "sete ervas" nos vasos e nos jardins, nos benzemos contra o mau-olhado e o quebranto, batemos três vezes na madeira e carregamos escapulários, patuás e figas para nos proteger do mal.

Atividades
1. Encarregue os alunos de pesquisar as práticas de superstição no cotidiano. Depois, procure relacioná-las com as práticas religiosas dos povos que formaram o povo brasileiro, em particular o português, o africano e o indígena.

2. Solicite uma comparação entre a figura da bruxa na tradição anglo-saxã, que aparece nos filmes de Hollywood, e as bruxas da reportagem de VEJA (da tradição ibérica).

SEXTO E SÉTIMO ANO: Futebol e Cultura da Paz - "Jogando para a Paz"

PLANO DE AULA: Futebol e Cultura da Paz - "Jogando para a Paz"

Educando para a Paz

Nei Alberto Salles Filho
Professor do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná.
Especialista em Pedagogia do Esporte.
Mestre em Educação.


nei.alberto@uol.com.br

Terceiro ciclo do Ensino Fundamental - 5ª e 6ª séries

Quatro aulas

O futebol, tomado como manifestação cultural, tem dimensões positivas ligadas ao espetáculo, à motivação e à alegria das pessoas. Por outro lado, traz também a violência, parte integrante dos noticiários esportivos, tanto em campo, entre os jogadores, quanto na arquibancada, entre os torcedores.
Com a seqüência de aulas aqui proposta pretendemos "olhar" esse futebol, procurando enxergar uma estrutura alternativa, ligada à criação de uma cultura da paz no esporte praticado na escola, nas aulas de Educação Física. Para tal, propomos a utilização de documentos em vídeo e reportagens de jornal ou revista e, numa segunda etapa, a organização de um torneio de futebol na escola.
Entendendo cultura como a forma do homem viver em sociedade, incluindo tudo o que ele pensa e faz com seus valores e características próprias, torna-se possível pensar na cultura da paz, fundada na ética, que no espaço escolar deve trazer atitudes críticas, de reconhecimento de limites e de possibilidades, de novas ações e valores que permitam escolhas e caminhos baseados em ações coletivas e solidárias. Seguiremos para isso os princípios de Drew (1990): cooperação, calma, determinação para discutir diferenças, capacidade para agir num clima de cooperação para solução de problemas, amor e concordância e a capacidade de dizer "Eu sou humano. Cometi um erro. Vou tentar novamente".

Ao final da proposta, espera-se que os alunos estejam aptos a:
- entender a dimensão do futebol como cultura;
- valorizar os aspectos positivos do futebol;
- repudiar a violência que acontece entre jogadores e torcedores de futebol;
- propor novas formas de relações dentro do jogo e da torcida;
- praticar o futebol de acordo com regras discutidas coletivamente;
- usufruir do futebol como prática saudável e solidária.

Fitas de vídeo, reportagens de jornal ou revista e quadro-negro. Algumas considerações importantes: fitas de vídeo como "Isto é Pelé", sobre a vida de nosso grande craque ou "Todos os corações do mundo" (ambas disponíveis em locadoras de vídeo), que tratam do grande espetáculo que é o futebol, são indicadas para incentivar as aulas.
Porém, fatos do cotidiano, na maioria das vezes, são mais próximos dos alunos. Assim, nada pode ser mais rico que aproveitar o acontecimento do final de semana, como um grande clássico, os gols, a paz ou o confronto entre torcedores, a festa e a alegria. Procure levar essas informações para as aulas. Você já percebeu quantos canais (sejam abertos ou fechados) apresentam programas de futebol no domingo à noite? E ainda, quantas reportagens interessantes em época de Copa do Mundo? O esporte, e conseqüentemente o futebol, ocupam espaços de destaque na mídia. Sendo assim, as melhores fitas de vídeo serão aqueles minutos gravados por você, com os gols da rodada ou a entrevista com jogadores ou, ainda, as reportagens esportivas dos cadernos de esporte do jornal de domingo.

O espaço deve ser sempre organizado para proporcionar melhor aprendizagem e relações humanas mais qualitativas. Quadra, sala de aula e pátio podem igualmente ser usados, dependendo dos objetivos propostos. Porém, algumas dicas são pertinentes: seja qual for o espaço, é importante iniciar e encerrar a aula com a idéia da roda. A roda (círculo, ou assembléia) é efetivamente o momento onde o grupo fica à vontade para expressar suas impressões. Ela pode e deve ocorrer em espaços diferenciados. Os momentos de trabalho coletivo podem ser organizados em pequenos grupos (cinco a sete alunos), que ao longo das aulas serão reunidos mais de uma vez. A quadra ou o pátio onde a prática do futebol ocorrerá devem ser também entendidos como "sala de aula aberta" e, da mesma forma, organizados pelo professor. Uma pequena lousa móvel pode ser levada para a quadra ou o pátio.
É importante destacar que as aulas de Educação Física são muito identificadas com espaços abertos. Por essa razão, levar um recurso didático (nesse caso a lousa) faz da quadra, além do lugar mais apropriado, o local onde o conhecimento pode ser tratado de forma gostosa, sentado no chão, em círculos.
Nos jogos de futebol, durante o torneio, o local para a torcida e demais integrantes deve ser definido anteriormente para evitar confusões. Leve em conta os espaços disponíveis ao redor; a proximidade com salas de aula (para não atrapalhar o trabalho de outros professores) e que todos os espaços possíveis próximos ao jogo estejam ocupados de forma homogênea, para gerar um clima apropriado. É importante lembrar que, assim como em todo o processo, os alunos devem participar da definição dos locais. O exercício de respeito ao espaço de cada um e de todos começa por aqui.

1ª Aula

Objetivo: compreender aspectos sociais e culturais ligados à paixão e à violência no futebol.
Partindo da apresentação de uma fita de vídeo (observe as dicas em material didático) mostre duas questões básicas:
1. A arte e a cultura do futebol: os gestos técnicos, a habilidade dos craques, a beleza da torcida empolgada.
2. Imagens de conflitos entre torcidas e lances violentos do jogo.
Depois de levantar esses dois extremos, organize os alunos em grupos de cinco a sete participantes. Cada grupo receberá uma cartolina. O exercício será discutir o tema nos grupos.
Os alunos devem listar, na cartolina, as coisas mais marcantes que viram na fita, tanto nos aspectos positivos quanto negativos. Depois disso, os grupos farão uma exposição de suas idéias. À medida que os grupos se apresentam, escreva no quadro os itens levantados. Ao término, reafirme a dimensão cultural do futebol no Brasil, ressaltando sua ligação com a violência que, na maioria das vezes, é diretamente relacionada à falta de respeito ao espaço e às idéias dos outros. O fato de as pessoas torcerem por times diferentes não é motivo para que se agridam. O mesmo princípio vale para religiões, partidos políticos, agremiações. Nesse momento é importante você destacar que a não-violência começa justamente quando compreendemos e aceitamos as diferenças do modo de ser e de pensar de cada um. De maneira ética, podemos discordar, argumentar a favor de nossas idéias e expor nossas opiniões. Assim, o futebol deve ser pensado como algo a ser aproveitado com prazer e alegria, pelo jogo, pela confraternização e não como confronto, como guerra.

2ª. Aula

Objetivo: criar um torneio de futebol entre os alunos da turma. A partir do que foi levantado na aula anterior sobre a arte do futebol e a violência que muitas vezes toma conta do esporte, alunos e alunas da mesma série, com a sua ajuda, devem estabelecer regras de jogo e algumas normas de comportamento da torcida, para que não haja violência dentro e fora de campo.
No início, em roda, na quadra ou no pátio, retome os conceitos trabalhados na aula anterior. Em seguida, fale sobre a importância do aquecimento na preparação para a prática de esportes - e promova um específico para futebol. Faça uma divisão aleatória do grupo deixando que joguem livremente durante alguns minutos. Naturalmente, o modelo cultural vigente acaba se reproduzindo. Haverá uma certa violência, individualismo e desrespeito ao outro.
Rapidamente, após alguns minutos nesse modelo tradicional, solicite a volta à roda para discutir sobre os contratempos observados. Faça-os perceber como a violência e a falta de respeito atrapalham o desenvolvimento positivo do jogo. Em seguida, solicite a reorganização da classe nos grupos da aula anterior, na própria quadra, e distribua as cartolinas da primeira aula. No verso, peça aos alunos que respondam a seguinte questão: "De que forma é possível superar os conflitos observados na prática para um futebol com maior integração e paz?" Nesse momento, comporte-se como mediador, procurando incentivar os alunos a pensar um caminho para a prática do futebol de forma mais cooperativa e não violenta. A aula termina em roda, socializando os aspectos levantados e fazendo propostas de como organizar o torneio.

3ª. Aula

Objetivo: organizar a proposta do "Jogando para a Paz".
Retome o que ficou definido na aula anterior sobre o campeonato. Agora o desafio é organizar o torneio, que poderá ser chamado "Jogando para a Paz" ou "Paz em Campo" ou "Paz no Futebol" ou um nome definido em votação pelo grupo. A idéia é trabalhar com alguns critérios (definidos a partir das aulas anteriores).
Como exemplos: equipes mistas para maior compreensão da questão de gênero; regras adaptadas do futebol favorecendo interações mais produtivas, como faltas violentas e agressivas (chutes, carrinhos, insultos) que podem ser revertidas em pontos para a outra equipe.
Isso mostra que para vencer a partida é necessário e fundamental respeitar o outro. À medida que as regras são definidas, mostre aos alunos como se faz um torneio em rodízio simples: todas as equipes jogam entre si. Esse modelo favorece o conhecimento e a interação entre os participantes, o que faz dele uma das formas mais democráticas de competição.
Assim, ao final da aula, todos os alunos têm clareza das regras e da constituição das equipes (por sorteio ou definidas por um ranking bem equilibrado). Ressalte ainda que todos os "papéis" do torneio estarão definidos: técnicos, arbitragem e auxiliares, proporcionando que todos participem do "Jogando para a Paz". Outro aspecto fundamental que cabe destacar aos alunos é a importância da torcida para o torneio. Como foi visto nas aulas anteriores, é muitas vezes a torcida, ou membros dela, que acabam gerando violência nas partidas. O papel da torcida é importante como incentivo às equipes (palavras de apoio e motivação) e, portanto, qualquer comportamento que desvirtue esse objetivo também tem prevista a concessão de um benefício à equipe de direito, como a marcação de pontos ou cobranças de falta.

4ª. Aula

Objetivo: praticar o futebol, atento às regras estabelecidas com o grupo.
Em círculo com os alunos, retome rapidamente as regras gerais estabelecidas. É importante compreender que as regras foram estabelecidas coletivamente. Vale o lembrete que o entendimento de "regra" aqui passa por normas que são estabelecidas em conjunto e que proporcionam bem-estar individual e do grupo! Vamos a algumas delas:
Em relação à torcida: agressão de qualquer forma (física ou moral) será revertida em faltas ou pontos para a outra equipe (deixe que os alunos decidam).
Da mesma forma, conceder pontos para as torcidas que incentivarem mais sua equipe. Ainda mais: por que devem coexistir torcidas se confrontando? Se for possível (dependendo da maturidade e do entendimento do grupo sobre as aulas anteriores), propor que haja uma torcida única, incentivando as duas equipes, os lances bonitos de ambos os times e ao mesmo tempo repudiando qualquer forma de violência.
Em relação ao jogo: a organização de equipes mistas pode ser um recurso valioso, se bem organizado, uma vez que se procura valorizar a integração. O ideal é que o número de meninos e de meninas seja o mesmo em cada equipe na quadra. É necessária também a atenção com jogadas violentas e o desrespeito com outros jogadores. Nesses momentos o infrator deverá desculpar-se com o outro e, conforme a gravidade, substituído temporariamente para perceber que atitudes violentas acabam sempre por atrapalhar a convivência pacífica e harmoniosa (é importante que você esteja atento para isso, para que a substituição não ocorra apenas como punição pela violência, mas, sim, um momento de reflexão sobre as atitudes em sociedade. Em relação à forma de desenvolvimento do torneio: vale lembrar que um dos mecanismos utilizados nas aulas de Educação Física, durante muitos anos, foi a lógica do "quem perde sai" ou "quem leva gol sai". Assim, na maioria da vezes, a equipe "mais forte" ficava a aula toda jogando, enquanto os "outros" revezavam poucos minutos, ou segundos, caso levassem o gol. Esse procedimento valorizava os "mais aptos" em detrimento dos "ruins". Esse fato contribui muito para a exclusão de muitas pessoas do mundo da cultura corporal, seja por vergonha ou por achar que "não sabiam jogar". Lembramos que isso acaba fazendo com que o lado bom e positivo da prática esportiva acaba sendo esquecido. Muitas vezes essas crianças frustradas acabam sendo torcedores que vêem na vitória de sua equipe a grande razão para sua própria vitória, a qualquer custo. O aspecto primordial no torneio é que todas as equipes joguem praticamente o mesmo número de partidas e com a mesma duração. Aqui, cada criança já tem seu direito garantido de participar em igualdade, de usufruir do seu tempo com sua equipe e com os colegas, sem a pressão de já ter que sair. Ressalta-se que, com esse procedimento, cada grupo pode melhorar suas ações, tanto de socialização quanto técnicas, a cada partida. Cabe lembrar que o objetivo é melhorar as relações humanas durante a prática do esporte e não necessariamente descobrir grandes talentos esportivos.
Em seguida, prepare o início do torneio fazendo o sorteio da seqüência dos jogos, que nesse dia terão um caráter mais experimental, como um "torneio início", em que novas regras poderão ser testadas. Assim, junto com os alunos auxiliares de arbitragem, a cada infração cometida, pare para explicar e relembrar as regras que foram acordadas. Ao final da aula, em "roda", são discutidas as regras, dificuldades, melhoria do jogo e a importância de buscar a confraternização. Dessa forma, a partir das aulas seguintes, você e a turma poderão dar continuidade ao torneio, agora sim, exercitando essa forma de cultura da paz. Com esse jogo mais elaborado, você terá maior facilidade para inserir aspectos técnicos e táticos do futebol nas aulas, uma vez que estará assegurada a prática de forma sadia, que conduz ao objetivo final da Educação Física: a prática corporal utilizada no tempo de lazer e para melhoria da qualidade de vida.

Avaliar é realizar uma apreciação qualitativa sobre aspectos relevantes do processo desenvolvido. Assim, a pergunta é: Quais os aspectos relevantes do processo desenvolvido? Tomamos como fundamentais a aquisição de conceitos ligados à paz no futebol. Dessa maneira, o relato dos alunos (individuais e em grupo) bem como a própria participação nas aulas, de acordo com os critérios definidos coletivamente, farão com que se processe e se concretize a avaliação, que poderá ser instrumentalizada por fichas, relatos escritos, verbalização, entre outros.

Estamos no ano de Copa do Mundo. É um ótimo momento para aprofundar conceitos e conhecimentos dos alunos sobre esse fenômeno cultural que é o futebol. Assim, pensar em uma cultura da paz para o futebol, organizando um torneio com a própria "cara" da turma, contribui para a criação de uma identidade cultural própria do futebol para as crianças.

A "Ética" como Tema Transversal dos PCN´s pode ser tratada com profundidade nesta proposta. Além disso, algumas ligações poderão ser criadas particularmente com História e Geografia, no que se refere à história do futebol e países participantes da Copa do Mundo.

O processo denominado "Jogando para a Paz" procura estabelecer novos indicadores ligados a relações interpessoais, a percepção, a análise, a crítica e síntese da cultura do futebol e, finalmente, a uma prática com novos elementos e configurações. Para que efetivamente a proposta aconteça, você deve, de fato, acreditar na urgência do tema, que pressupõe não aceitar como "normal" ou "inerente ao esporte" a violência e o desrespeito ao outro e à vida. Estabelecer uma cultura da paz no futebol deve ser o ponto de partida.

DREW, Naomi. A paz também se aprende. São Paulo: Gaia, 1990.
MARTINELI, Marilu. Aulas de transformação: o programa de educação em valores humanos. São Paulo: Peirópolis, 1996.
A escola de chuteiras. Revista Nova Escola. nº 151, Abril de 2002.
Parâmetros Curriculares Nacionais: fáceis de aprender (5ª à 8ª séries). Revista Nova Escola, Edição Especial, 2000.
WEIL, Pierre. A mudança de sentido e o sentido da mudança. Rio de janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 2001
Sites:
www.unipaz.org.br
www.valoreshumanos.org.br
www.cev.org.br
www.fundacaopeiropolis.org.br
www.nossogrupo.com.br/grupo.asp?10660
www.uepg.br/neppef

PARA VÁRIOS NÍVEIS - TRABALHANDO COM VÍDEOS EM SALA

Retirado do livro "Paz, como se faz? - semeando a cultura da paz nas escolas" - de Lia Diskin e Laura Gorresion Goismann, editora Pallas Atenas

Para trabalhar os pontos
do Manifesto 2000



Respeitar a vida • FORMIGUINHAZ
Desenho animado sobre uma formiguinha questionadora,que busca um lugar melhor para viver. Z deseja, na verdade, uma transformação, de maneira espontânea e desinteressada. Ela não concorda com a discriminação no formigueiro. Outra coisa que
chama a atenção é o fato de Z ser uma formiga operária, ou seja, integrante da comunidade que antes era tida como “uma qualquer” e que teve a capacidade de interferir no mundo à sua volta.

Rejeitar a violência A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA
Um líder de skinheads é preso e, após o cumprimento da pena, tenta ajudar o irmão, que segue o mesmo caminho. Apesar da violência e da intolerância evidentes, o filme traz a descoberta do outro. Se as idéias totalitárias podem ser perigosas, o ciclo de
violência gerado por essas idéias também pode ser rompido. A não-violência é cooperativa, é restauradora e o contato dos dois personagens é de total aceitação e mudança.

Ser generoso • A EXCÊNTRICA FAMÍLIA DE ANTÔNIA
Uma fábula sobre a força das mulheres. Antônia volta à fazenda de sua família e começa uma vida nova, ao lado da filha e, depois, da neta e da bisneta. A maneira com que Antônia aceita a opinião da filha e depois o comportamento de todos que vão se
juntando à sua família são exemplos de generosidade. O que nos leva a aceitar o outro como ele é? É natural acolher ou rejeitar?
Ser generoso também se aprende e, compartilhar, gera felicidade.

Ouvir para compreender • BICHO DE SETE CABEÇAS
Inspirado em fatos reais, o filme conta a história de um rapaz internado em um manicômio após desentendimentos com seus pais. Lá ele conhece um mundo caótico, repleto de sofrimento e incompreensão. A difícil relação entre pai e filho, e a falta de diálogo, levam a um caminho doloroso e cruel. O filme é também um retrato da forma que as pessoas são tratadas em muitos hospitais psiquiátricos no Brasil. O jovem sobrevive e conta sua dor para os que estão do lado de fora. O que é possível fazer para ser ouvido? Como se abrir para entender?

Preservar o planeta • AMAZÔNIA EM CHAMAS
Filme sobre a floresta amazônica, sua exploração e a trágica morte do líder sindical e ambientalista Chico Mendes. Esse líder determinado tinha consciência sobre a preservação da floresta amazônica e sobre a necessidade de justiça social para o
bem do planeta. Uma história de amor e ódio, cobiça e vingança, na qual se cruzam interesses políticos e econômicos. Fatos para não esquecer e atitudes para não se repetir, se amamos a natureza.

Redescobrir a solidariedade • HURICANE — O FURACÃO
O pugilista Rubin Carter foi condenado à prisão perpétua injustamente, depois que forjaram provas de sua participação em um crime. A solidariedade que Rubin Carter encontrou nas cartas e, depois, na presença de um jovem que vivia entre canadenses lhe permitiu um novo jeito de experimentar a vida, mesmo atrás das
grades. A sinceridade é fundamental para a solidariedade existir.
Até que ponto alguém pode suportar a injustiça? E até que ponto pode ter esperança?

Paz, Força e Alegria!

PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES - DIVERSIDADE CULTURAL

Texto da professora Marcella Balbinotti que pode ser trabalho em formações de professores.

Diversidade Cultural Brasileira

Os conhecidos Parâmetros Curriculares Nacionais tratam de um assunto de suma importância – a pluralidade cultural brasileira. Propõem que os brasileiros conheçam o Brasil como um país complexo. Propõem o conhecimento da diversidade étnica e
cultural da sociedade brasileira.
Apesar de ser um assunto importante e bastante significativo para um país como o Brasil, os brasileiros ainda têm dificuldades em absorvê-lo, ainda temos desrespeito, ignorância, discriminação.
Pluralidade Cultural diz respeito à valorização das características culturais de diferentes grupos sociais, diz respeito à desigualdade socioeconômica e faz crítica a qualquer tipo de discriminação. E considerar a diversidade não é negar as características comuns que delimitam uma nação ou negar o ser humano como um ser universal. Admitir a diversidade é o traço fundamental na construção da identidade. Por isso, temos tantas dificuldades em ser brasileiros.
Quando investigamos a diversidade cultural brasileira esbarramos na questão da desigualdade social. É preciso fazer uma distinção. Cultura é fruto de uma ação de um grupo social. Depende da produção histórica e econômica, da organização social, das relações com o meio e com outros grupos. Já desigualdade social é gerada numa relação de exploração onde um grupo domina e explora o outro. Relação humana que gera discriminação, exclusão, preconceito, onde parte da sociedade não tem acesso e parte tem privilégios.
Apesar de toda discriminação, injustiça e preconceito que existe no Brasil, o país tem produzido o que chamamos de brasilidade. A brasilidade é a constituição histórica, aquela mistura cultural que vem promovendo experiências de convívio, inter-relações entre várias etnias e vêm reelaborando as culturas de origem.
No cenário mundial o Brasil representa uma esperança de superação de fronteiras e de construção da relação de confiança na humanidade. Parecemos ser uma nação de múltiplas culturas, etnias e religiões gerando a cultura-exemplo de diversidade e singularidade.
Culturalmente o Brasil é o país da pluralidade. É resultado do processo histórico nacional e mundial, apresenta-se como construção cultural complexa definida e redefinida em seu interior, apresentando características regionais e locais. A composição da população brasileira é heterogênea. Coexistem várias culturas de diferentes grupos étnicos, entrelaçando aspectos, elaborando e reelaborando a identidade nacional.
Falamos em uma sociedade mais democrática, em uma educação voltada para a cidadania, precisamos então optar pela pluralidade, reconhecendo e valorizando a diversidade cultural, combatendo a violência da discriminação.

O papel crucial da escola


Mudar mentalidades, superar o preconceito e combater a discriminação é tarefa da sociedade como um todo. Mas a escola de uma sociedade plural como a brasileira precisa contribuir de modo significativo. A escola deve ensinar os brasileiros a serem brasileiros. O processo educacional deve contribuir desenvolvendo a transformação de atitudes e valores, formando novos comportamentos cotidianos para a superação da discriminação.
Mas trabalhar com diversidade cultural em uma sociedade marcada pela diversidade não é tarefa fácil. Exige ampliação e consciência da escola, do professor e do aluno: “a minha realidade é apenas parte do mundo complexo”. Exige ética, respeito, valorização das diferenças. Não significa aderir aos valores dos outros, mas sim respeita-los enquanto expressão da diversidade humana.
A escola, a sala de aula é um espaço privilegiado para a transformação de atitudes:

1º) A escola é o espaço de encontro entre crianças e adolescentes de origens diferentes, níveis socioeconômicos diferentes, costumes e religiões diferentes;
2º) é o espaço de aprender regras de convívio social;
3º) é o espaço de aprender conhecimentos sistematizados sobre o país e o mundo e, portanto, valorizar a diversidade cultural brasileira.
A criança/adolescente vive com a diversidade e aprende com ela.


Se a instituição educação tem um papel tão importante na transformação social, por que ainda vivemos com medo de assumir nossa brasilidade? Por que ainda presenciamos ações discriminatórias em nosso ambiente de trabalho, em nossas escolas?
Nos períodos autoritários da história brasileira, a escola desempenhou um papel decisivo. Disseminou uma idéia de um Brasil sem diferenças, formado por três “raças” – o índio, o negro e o branco e a mistura deu origem ao brasileiro. Essa idéia neutralizou as diferenças culturais, subordinando muitas vezes uma cultura à outra. A concepção de cultura uniforme depreciou as diversas contribuições que compõem a identidade nacional.
Mas isso nos tempos da ditadura! A escola servia ao Estado, controlava nossas ações, direcionava nossas produções culturais, homogeneizava nossa cultura e “vestia de máscaras” nossa identidade.
Hoje sabemos da riquíssima diversidade sociocultural do Brasil, marcada por centenas de etnias indígenas, por descendentes de povos africanos, por imigrantes e descendentes de povos de vários continentes, com diferentes religiões e tradições culturais. Sabemos que a diversidade marca a nossa vida em sociedade. E por que ainda a escola continua disseminando preconceitos, através de conteúdos muitas vezes pouco significativos, através de metodologias simplistas, privilegiando inconscientemente certas culturas? Por que ainda ficamos em silêncio diante de situações de discriminação de nossos colegas, de nossos alunos? Por que ainda não conseguimos assumir a diversidade brasileira e ensinar nossos alunos a respeitar as diferenças? Estamos a serviço de quem?
A história da escola no Brasil é marcada por processos discriminatórios, hoje principalmente em relação ao desempenho dos alunos: “alunos que têm desempenho baixo são alunos pobres, negros, alunos moradores da favela, filhos de trabalhadores rurais”. Estamos desvalorizando certas camadas da população, ativando o preconceito sobre as suas capacidades e de certa forma, essa baixa expectativa em relação a “alguns” vem justificando o rebaixamento da qualidade do ensino nas escolas públicas e privadas.
Ainda há um longo caminho a percorrer para chegarmos a práticas de respeito e solidariedade para os portadores de deficiências físicas ou mentais, por exemplo. Muitas vezes a ignorância sobre as causas e sobre o encaminhamento educacional leva a prática discriminatória. Existem apenas boas intenções.
Diversidade cultural na escola não é tarefa fácil. Quando lidamos com crianças e adolescentes é preciso voltar a atenção para importantes questões:

- os Direitos Universais da Pessoa Humana,
- a consolidação da democracia no Brasil,
- a valorização de todos os povos que formam a população brasileira e o respeito a todo cidadão.


A escola menos discriminatória, os professores menos preconceituosos e os alunos mais brasileiros, exigem trabalho, estudo e responsabilidade. Cidadania. É preciso buscar instrumentos para introduzir e efetivar a diversidade cultural na escola. O grande desafio da educação atual é estabelecer conexões entre o que se aprende na escola e a vida da população brasileira. Por isso, formar professores no tema pluralidade cultural já é um início importante e um exercício de cidadania.

Professora Marcela
Agosto/2008

PARA VÁRIOS NIVEIS - RUBEM ALVES

Retirado do livro "Paz, como se faz? - semeando a cultura de paz nas escolas , editora Pallas Atenas - Lia Diskin e Laura Gorresion Roizmann

Rubem Alves
Variações


Fazer o mesmo exercício com base na história de cada participante. Cada um pode traçar uma linha do tempo (com recorte e colagem, pintura etc.), para melhor identificar os caminhos e descaminhos da sua vida. Então cada um vai refletir se haveria algo que gostaria de mudar. Se sim, faça-o lembrar da época dos fatos:
como fez essa escolha? Quem influenciou essa opção?
Outra variação interessante é utilizar essa atividade para refletir sobre os efeitos das nossas escolhas nos rios, florestas, no ar, nas cidades, nas pessoas. Pode-se, ainda, conversar sobre o efeito das escolhas na saúde física e mental de cada um.
É difícil mudar

Texto extraído do editorial da revista Thot, nº 62, editada pela
Associação Palas Athena, 1996.
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula onde havia uma escada com um cacho de bananas no topo.
Quando um macaco subia a escada para pegar as bananas, um jato de água fria era jogado nos que estavam no chão. Depois de alguns banhos frios, cada vez que um macaco subia a escada para pegar as bananas, os outros o pegavam e batiam nele. Em
pouco tempo, nenhum macaco se atrevia mais a subir a escada, apesar da tentação das bananas.
Então os pesquisadores substituíram um dos macacos. A primeira coisa que o novato fez foi subir a escada. Mas foi pego pelos outros, que o surraram. Algumas surras depois, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.
Um segundo substituto foi colocado na jaula e passou pela mesma dura experiência, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo da surra ao novato.
A mesma coisa aconteceu com o terceiro substituto. E também com o quarto, até que o último dos cinco integrantes iniciais foi substituído. Assim, ficaram na jaula cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.
Se fosse possível perguntar a eles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza, a resposta mais freqüente seria:
“Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui.”

Paz, Força e Alegria!