Texto da professora Marcella Balbinotti que pode ser trabalho em formações de professores.
Diversidade Cultural Brasileira
Os conhecidos Parâmetros Curriculares Nacionais tratam de um assunto de suma importância – a pluralidade cultural brasileira. Propõem que os brasileiros conheçam o Brasil como um país complexo. Propõem o conhecimento da diversidade étnica e
cultural da sociedade brasileira.
Apesar de ser um assunto importante e bastante significativo para um país como o Brasil, os brasileiros ainda têm dificuldades em absorvê-lo, ainda temos desrespeito, ignorância, discriminação.
Pluralidade Cultural diz respeito à valorização das características culturais de diferentes grupos sociais, diz respeito à desigualdade socioeconômica e faz crítica a qualquer tipo de discriminação. E considerar a diversidade não é negar as características comuns que delimitam uma nação ou negar o ser humano como um ser universal. Admitir a diversidade é o traço fundamental na construção da identidade. Por isso, temos tantas dificuldades em ser brasileiros.
Quando investigamos a diversidade cultural brasileira esbarramos na questão da desigualdade social. É preciso fazer uma distinção. Cultura é fruto de uma ação de um grupo social. Depende da produção histórica e econômica, da organização social, das relações com o meio e com outros grupos. Já desigualdade social é gerada numa relação de exploração onde um grupo domina e explora o outro. Relação humana que gera discriminação, exclusão, preconceito, onde parte da sociedade não tem acesso e parte tem privilégios.
Apesar de toda discriminação, injustiça e preconceito que existe no Brasil, o país tem produzido o que chamamos de brasilidade. A brasilidade é a constituição histórica, aquela mistura cultural que vem promovendo experiências de convívio, inter-relações entre várias etnias e vêm reelaborando as culturas de origem.
No cenário mundial o Brasil representa uma esperança de superação de fronteiras e de construção da relação de confiança na humanidade. Parecemos ser uma nação de múltiplas culturas, etnias e religiões gerando a cultura-exemplo de diversidade e singularidade.
Culturalmente o Brasil é o país da pluralidade. É resultado do processo histórico nacional e mundial, apresenta-se como construção cultural complexa definida e redefinida em seu interior, apresentando características regionais e locais. A composição da população brasileira é heterogênea. Coexistem várias culturas de diferentes grupos étnicos, entrelaçando aspectos, elaborando e reelaborando a identidade nacional.
Falamos em uma sociedade mais democrática, em uma educação voltada para a cidadania, precisamos então optar pela pluralidade, reconhecendo e valorizando a diversidade cultural, combatendo a violência da discriminação.
O papel crucial da escola
Mudar mentalidades, superar o preconceito e combater a discriminação é tarefa da sociedade como um todo. Mas a escola de uma sociedade plural como a brasileira precisa contribuir de modo significativo. A escola deve ensinar os brasileiros a serem brasileiros. O processo educacional deve contribuir desenvolvendo a transformação de atitudes e valores, formando novos comportamentos cotidianos para a superação da discriminação.
Mas trabalhar com diversidade cultural em uma sociedade marcada pela diversidade não é tarefa fácil. Exige ampliação e consciência da escola, do professor e do aluno: “a minha realidade é apenas parte do mundo complexo”. Exige ética, respeito, valorização das diferenças. Não significa aderir aos valores dos outros, mas sim respeita-los enquanto expressão da diversidade humana.
A escola, a sala de aula é um espaço privilegiado para a transformação de atitudes:
1º) A escola é o espaço de encontro entre crianças e adolescentes de origens diferentes, níveis socioeconômicos diferentes, costumes e religiões diferentes;
2º) é o espaço de aprender regras de convívio social;
3º) é o espaço de aprender conhecimentos sistematizados sobre o país e o mundo e, portanto, valorizar a diversidade cultural brasileira.
A criança/adolescente vive com a diversidade e aprende com ela.
Se a instituição educação tem um papel tão importante na transformação social, por que ainda vivemos com medo de assumir nossa brasilidade? Por que ainda presenciamos ações discriminatórias em nosso ambiente de trabalho, em nossas escolas?
Nos períodos autoritários da história brasileira, a escola desempenhou um papel decisivo. Disseminou uma idéia de um Brasil sem diferenças, formado por três “raças” – o índio, o negro e o branco e a mistura deu origem ao brasileiro. Essa idéia neutralizou as diferenças culturais, subordinando muitas vezes uma cultura à outra. A concepção de cultura uniforme depreciou as diversas contribuições que compõem a identidade nacional.
Mas isso nos tempos da ditadura! A escola servia ao Estado, controlava nossas ações, direcionava nossas produções culturais, homogeneizava nossa cultura e “vestia de máscaras” nossa identidade.
Hoje sabemos da riquíssima diversidade sociocultural do Brasil, marcada por centenas de etnias indígenas, por descendentes de povos africanos, por imigrantes e descendentes de povos de vários continentes, com diferentes religiões e tradições culturais. Sabemos que a diversidade marca a nossa vida em sociedade. E por que ainda a escola continua disseminando preconceitos, através de conteúdos muitas vezes pouco significativos, através de metodologias simplistas, privilegiando inconscientemente certas culturas? Por que ainda ficamos em silêncio diante de situações de discriminação de nossos colegas, de nossos alunos? Por que ainda não conseguimos assumir a diversidade brasileira e ensinar nossos alunos a respeitar as diferenças? Estamos a serviço de quem?
A história da escola no Brasil é marcada por processos discriminatórios, hoje principalmente em relação ao desempenho dos alunos: “alunos que têm desempenho baixo são alunos pobres, negros, alunos moradores da favela, filhos de trabalhadores rurais”. Estamos desvalorizando certas camadas da população, ativando o preconceito sobre as suas capacidades e de certa forma, essa baixa expectativa em relação a “alguns” vem justificando o rebaixamento da qualidade do ensino nas escolas públicas e privadas.
Ainda há um longo caminho a percorrer para chegarmos a práticas de respeito e solidariedade para os portadores de deficiências físicas ou mentais, por exemplo. Muitas vezes a ignorância sobre as causas e sobre o encaminhamento educacional leva a prática discriminatória. Existem apenas boas intenções.
Diversidade cultural na escola não é tarefa fácil. Quando lidamos com crianças e adolescentes é preciso voltar a atenção para importantes questões:
- os Direitos Universais da Pessoa Humana,
- a consolidação da democracia no Brasil,
- a valorização de todos os povos que formam a população brasileira e o respeito a todo cidadão.
A escola menos discriminatória, os professores menos preconceituosos e os alunos mais brasileiros, exigem trabalho, estudo e responsabilidade. Cidadania. É preciso buscar instrumentos para introduzir e efetivar a diversidade cultural na escola. O grande desafio da educação atual é estabelecer conexões entre o que se aprende na escola e a vida da população brasileira. Por isso, formar professores no tema pluralidade cultural já é um início importante e um exercício de cidadania.
Professora Marcela
Agosto/2008
Abra a cabeça!!!!!!!!
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
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2 comentários:
Sou aluna de Pedagogia na UERN- Universidade do Estado do Rio Grande do NOrte.
Estou estudando agora no 1° periodo Pluralidade Cultural, e agradeço a autora deste texto, por exclarecer algumas duvidas que eu tinha em relação a esse tema, é muito bom saber que existem pessoas qualificadas, que colaboram com a educação, eque atravéz dos blogs, passam informações, dividem seus conhecimentos.
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